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Luto: morte de querido ator do Sítio do Pica Pau Amarelo é confirmada

Familiares, amigos e fãs estão desolados.

A história da televisão brasileira foi moldada por pioneiros que atravessaram fronteiras entre palco, estúdio e sala de aula. Num período em que o veículo ainda aprendia sua linguagem, nomes versáteis ajudaram a criar referências estéticas e narrativas que ecoam até hoje.

A criação de personagens infantis para a telinha, em especial, tornou-se ponte entre literatura e audiovisual, aproximando gerações dos clássicos nacionais. Entre esses protagonistas da formação cultural do país, está David José Lessa Mattos Silva, que morreu nesta segunda-feira (6/10), aos 83 anos, em São Paulo.

Diagnosticado em 2017 com uma doença pulmonar de evolução progressiva, o artista vinha recebendo cuidados contínuos. Sua trajetória começou cedo: aos 12 anos, em 1954, ingressou no Teatro Escola de São Paulo (TESP).

No ano seguinte, já integrava o elenco da TV Tupi e assumia o menino aventureiro de Monteiro Lobato, tornando-se o primeiro intérprete de Pedrinho na adaptação televisiva de O Sítio do Picapau Amarelo (1955–1959), papel que o colocaria definitivamente na memória afetiva do público.

A carreira, no entanto, foi muito além do set. Formado em Ciências Sociais pela USP, David José ampliou a formação acadêmica em universidades francesas — Paris VIII e Paris X —, experiência que influenciou suas pesquisas.

Ao retornar ao Brasil, dedicou-se a investigar a cena artística paulista do pós-guerra e publicou estudo de referência sobre a interseção entre teatro e televisão nas décadas de 1940 e 1950, obra frequentemente citada nos cursos de dramaturgia e comunicação.

O vínculo com o palco permaneceu intenso ao longo das décadas, em paralelo a atividades como jornalista, historiador e escritor.

Essa combinação rara — intérprete e pesquisador, ajudou a documentar processos criativos e a iluminar bastidores de uma época em que a TV se fazia ao vivo, com improviso e engenhosidade técnica.

O velório ocorre nesta terça-feira (7/10), em São Paulo, a partir das 9h. Ele deixa esposa, dois filhos e dois netos. A despedida reforça a necessidade de preservar acervos e memórias de quem fundou práticas e linguagens do nosso entretenimento.

Ao legar personagens marcantes e reflexão crítica sobre a própria indústria, David José reafirma que a cultura se sustenta na dobradinha entre experiência artística e pensamento histórico.

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