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Eduardo Bolsonaro choca ao fazer revelação sobre Trump, ele n… Ver mais

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a provocar controvérsia nas redes sociais ao sugerir que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode não reconhecer o resultado das eleições presidenciais brasileiras de 2026, caso o país continue adotando o sistema de urnas eletrônicas. A afirmação, feita em tom enfático, foi publicada em seus perfis oficiais nesta sexta-feira (26), acompanhada de uma frase enigmática: “Os brasileiros sentirão saudades da tarifa de 50%”.

A frase faz alusão à tarifa extra imposta por Trump sobre produtos brasileiros durante seu mandato — uma medida protecionista que impactou diretamente o setor agrícola nacional e gerou tensão nas relações comerciais entre os dois países. Ao relacionar esse episódio à possível desconfiança do ex-presidente americano em relação ao sistema eleitoral brasileiro, Eduardo Bolsonaro reacende temas que já foram motivo de intensa polarização política no Brasil e nos Estados Unidos: a segurança das eleições e a legitimidade dos resultados democráticos.

Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, Donald Trump foi visto como uma referência política para o então presidente brasileiro e seu círculo mais próximo — entre eles, seu filho, Eduardo. A retórica nacionalista, o enfrentamento com a imprensa, o ceticismo em relação a temas ambientais e o discurso contra “o sistema” aproximaram as agendas dos dois líderes.

Agora, mesmo fora do cargo, Trump continua sendo uma figura central no imaginário bolsonarista. Sua recusa em aceitar a derrota para Joe Biden nas eleições de 2020 ainda ressoa entre apoiadores, e levanta preocupações sobre a influência de narrativas antidemocráticas no cenário eleitoral global.

Embora o sistema de urnas eletrônicas esteja em uso no Brasil desde 1996 e nunca tenha sido comprovada qualquer fraude significativa, ele tem sido alvo de desconfiança por parte de setores da extrema direita, especialmente após a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder.

Nos últimos anos, ataques ao processo eleitoral brasileiro tornaram-se frequentes, apesar dos posicionamentos firmes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de organismos internacionais que atestam a confiabilidade do modelo. As declarações de Eduardo Bolsonaro, portanto, voltam a colocar em pauta uma narrativa já desmentida por especialistas, mas que ainda encontra eco em parte do eleitorado conservador.

A fala do deputado gerou uma onda de reações. Parlamentares de diversos espectros ideológicos criticaram a postura de Eduardo, acusando-o de colocar em xeque a soberania do Brasil ao sugerir que um líder estrangeiro possa validar — ou não — o resultado de uma eleição nacional.

“É grave que um representante eleito democraticamente insinue que o Brasil precisa da chancela de Trump para reconhecer seus próprios resultados eleitorais”, afirmou a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), em publicação nas redes sociais.

Já o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) classificou a declaração como “irresponsável e perigosa”, lembrando que instigar dúvidas sobre o sistema eleitoral pode gerar instabilidade institucional e fomentar atos antidemocráticos, como os que ocorreram em Brasília em 8 de janeiro de 2023.

A publicação de Eduardo Bolsonaro também reacende o debate sobre o uso das redes sociais por figuras públicas para espalhar desinformação. Em um momento em que o combate às fake news se torna central para a preservação da democracia, falas como essa ganham ainda mais peso — e risco.

Especialistas em ciência política alertam que o discurso que coloca em dúvida a legitimidade das eleições serve como estratégia para preparar o terreno para uma possível contestação dos resultados. “Quando uma liderança começa a questionar com tanta antecedência o sistema, o objetivo é claro: deslegitimar qualquer derrota futura”, explica o professor de política comparada da UFRJ, Lucas Rocha.

A três anos do próximo pleito presidencial, as movimentações políticas já indicam que 2026 poderá ser um novo marco de polarização no Brasil. As declarações de Eduardo Bolsonaro sugerem que, mesmo fora do Executivo, o bolsonarismo continuará ativo na tentativa de influenciar o debate eleitoral — com o apoio, explícito ou simbólico, de aliados internacionais.

Ainda não se sabe se Trump voltará à presidência dos EUA após as eleições americanas de 2024, mas sua presença como figura de influência global já se faz sentir. Para muitos analistas, o que está em jogo não é apenas o futuro das relações Brasil-EUA, mas a integridade da democracia brasileira.

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