[VÍDEO] Antonio Tabet, Thiago Ventura, Danilo Gentili e mais: Humoristas reagem à condenação de Leo Lins: “Absurdo”

Diversos humoristas saíram em defesa de Leo Lins, condenado a oito anos e três meses de prisão por falas consideradas preconceituosas em um show publicado no YouTube. Os comediantes opinaram que a sentença um “absurdo” e avaliaram que ela fere as liberdades de expressão e artística. Comediantes como Antonio Tabet, Thiago Ventura, Danilo Gentili, Jonathan Nemer comentaram o caso.
O comediante Leo Lins — Foto: Reprodução/Youtube
Em seu perfil do X, Maurício Meirelles publicou uma reflexão afirmando que “ninguém deve ser preso pela sua arte” e opinou que “estão prendendo comediantes por contar piada”. “Quer saber? Vou parar de fazer piada e entrar pro Comando Vermelho”, ironizou, comparando a condenação com a prisão dos cantores Oruam e Poze do Rodo.
Estão prendendo comediantes por contar piada. E tem comediante apoiando. 😂😂😂
Agora o bixo vai pegar.-a turma que tava falando que o Oruam tinha direito a cantar o que cantava, vai aplaudir a prisão do Léo.-a turma que pedia a prisão do Oruam (pelas letras, não pelo resto) vai achar injusta a prisão.Minha opinião: ninguém deve ser preso pela sua… pic.twitter.com/b9zMvU8z6q
Já percebemos que , de fato, quem é a favor da liberdade de expressão do POZE do Rodo é contra a liberdade de expressão do Léo Lins.
Antonio Tabet também usou o X para se manifestar: “Isso aqui é um absurdo. Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida”, escreveu.
Isso aqui é um absurdo. Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida. https://t.co/oZhv0LXSQk
O comediante Jonathan Nemer, também no X, afirmou: “Essa é a merda que acontece no Brasil… Um país que leva a sério piadas que humoristas contam nos shows, e levam na brincadeira o que políticos fazem”.
O @leolins é condenado a 8 anos de prisão, pagar 1.170 salários mínimos + 300 mil de danos coletivos por conta de PIADAS. Essa é a merda que acontece no Brasil… um país que leva a sério PIADAS QUE HUMORISTAS CONTAM NOS SHOWS, e levam na brincadeira o que políticos falam. pic.twitter.com/uPvKydSUTD
Murilo Couto, que trabalhou com Leo Lins no ‘The Noite com Danilo Gentili’, também prestou apoio ao amigo. “Humorista não é bandido”, declarou, ironizando a recente prisão de MC Poze do Rodo.
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Fábio Rabin postou um vídeo comentando a condenação. “No ano 2000, quando eu nem sonhava em ser comediante, um amigo me mandou uma piada nazista, eu xinguei ele de tudo que é nome e aquilo abalou nossa amizade. Hoje eu jamais faria o que eu fiz no passado, porque eu analiso a técnica da piada, se ela é boa, se ela é ruim”, disse Rabin. “Tem gente que usa a piada de forma negativa, para machucar o outro, fazer discurso de ódio. Mas quando o cara está no palco fazendo um show para quem pagou, ele tem licença poética para fazer aquelas piadas”, concluiu.
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Thiago Ventura publicou um vídeo breve no Instagram, com print de manchete que noticia a condenação de Leo Lins. O humorista disse apenas que “não é possível não, pô”, e escreveu na legenda da publicação: “É o que?”.
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Já o apresentador Danilo Gentili reservou um tempo do seu programa, ‘The Noite’, do SBT, para comentar a decisão da Justiça. “Qual foi o crime do comediante Leo Lins? Contar piadas em um show de humor. Esse show foi posteriormente postado no YouTube e, ao que tudo indica, isso foi um crime. Em um país em que o INSS é usado para fraudar velhinhos à força, a Justiça puniu um comediante por contar piadas em um ambiente criado para isso, soa uma piada de mau gosto”.
“Todos que expressam uma opinião, seja no teatro, na poesia, na música, na ficção, em um livro, ou em forma de uma piada, todos podem ser criticados, questionados e até acionados em processos civis. Agora, o que não podem em hipótese alguma é serem presos ou alvo de censura”, ponderou.
Danilo Gentili sendo LÚCIDO é raro de ver viu.. pena que ele me bloqueou há anos, mas ta de parabéns nas colocações 👏👏O fim da liberdade de expressão começa assim, limitando aos poucos.. até todo mundo não poder falar mais nada e ter que aguentar tudo calado vindo do estado.. pic.twitter.com/osYKs4DbAg
Quem também criticou a sentença foi o humorista Renato Albani. “É um absurdo a gente estar aqui falando sobre isso, principalmente em um país como o Brasil, onde tem todos os problemas do mundo acontecendo. Nisso aqui, está sendo julgado um comediante por fazer piada no palco, que é o trabalho dele. ‘Ah, não concordo com as piadas’, ‘acho elas pesadas’, tudo bem, é um direito seu. Mas você proibir que elas sejam feitas? É um julgamento muito raso. Quem pode dizer o que é arte ou não?”, opinou.
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O humorista Leo Lins foi condenado pela Justiça Federal a 8 anos e 3 meses de prisão, em regime inicialmente fechado, por proferir discursos preconceituosos contra diversos grupos minoritários. A sentença foi proferida pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo e cabe recurso. A acusação, apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), refere-se ao show “Perturbador”, de 2022, que alcançou cerca de 3 milhões de visualizações no YouTube.
Leo Lins no show ‘Perturbador’ – Foto: Reprodução
Além da pena de reclusão, Lins foi condenado ao pagamento de uma multa correspondente a 1.170 salários mínimos, calculados com base no valor vigente à época do show. Ele também deverá pagar R$ 303,6 mil em indenização por danos morais coletivos.
Durante a apresentação “Perturbador”, Lins faz piadas envolvendo temas sensíveis como abuso sexual, racismo, pedofilia, zoofilia, gordofobia, entre outros. O material inclui também referências jocosas a crimes e tragédias, como o incêndio na Boate Kiss, e citações a pessoas públicas. Nele, o comediante ainda profere uma série de declarações contra idosos, pessoas que vivem com HIV, indígenas, nordestinos, judeus, evangélicos, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIA+.
Em agosto de 2023, segundo o processo, a publicação já ultrapassava 3 milhões de visualizações quando foi suspensa por decisão judicial. A sentença destaca que a disponibilização do vídeo na internet e a grande quantidade de pessoas que foram atingidas pelas supostas piadas foram fatores considerados para a pena aplicada.