Hugo Motta complica situação de Eduardo Bolsonaro após forte decisão

Em uma manobra que já nasceu cercada de polêmica, o PL tentou garantir a permanência de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na Câmara dos Deputados ao indicá-lo para a liderança da Minoria. A ideia era simples: usar uma brecha regimental que permitiria justificar suas ausências em plenário caso assumisse a função.
Mas a jogada não passou pelo crivo do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que indeferiu a indicação nesta terça, dia 23 de setembro, abrindo caminho para que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro encare a possibilidade concreta de cassação de mandato.
Eduardo Bolsonaro está fora do Brasil desde fevereiro, residindo nos Estados Unidos. O problema é que, nesse período, ele acumulou 23 faltas não justificadas, um número que pode ser fatal para o seu futuro político.
Pela Constituição, perder um terço das sessões ordinárias sem explicação suficiente pode resultar na perda imediata do mandato. Para evitar esse desfecho, a bancada do PL chegou a articular a renúncia da deputada Caroline de Toni (PL-SC) à liderança, abrindo espaço para que Eduardo ocupasse o posto.
A ideia era que, na condição de líder, suas ausências fossem automaticamente relevadas. O parecer da Secretaria-Geral da Mesa, no entanto, foi taxativo: a liderança exige presença física e não pode ser exercida de forma remota, ainda mais sem autorização prévia da Câmara para permanecer fora do país.
Segundo o documento, permitir que Eduardo mantivesse a função seria apenas um exercício “simbólico”, em desacordo com as normas regimentais. Além disso, a falta de comunicação oficial sobre sua viagem já configuraria, por si só, violação de dever funcional.
A situação se agrava porque Eduardo, ao lado do influenciador Paulo Figueiredo, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por coação no curso do processo.
Eles são acusados de articular sanções contra o Brasil nos Estados Unidos, numa tentativa de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) em julgamentos envolvendo Jair Bolsonaro.
Com a decisão de Hugo Motta, a crise política em torno do deputado ganha novo peso: se antes a estratégia do PL parecia uma tábua de salvação, agora pode ter se transformado em um empurrão para acelerar a sua possível cassação.