FOTOS: Dor e desespero marcaram o enterro de Ryan, morto durante operação policial em SP: ‘Meu filho foi embora’
A mãe da vítima precisou ser amparada, até o coveiro chorou no momento do sepultamento.
A comunidade de Santos, no litoral paulista, se despediu nesta quinta-feira (7) do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de apenas quatro anos, morto após ser atingido por um disparo em uma ação policial no Morro do São Bento.
O garoto brincava próximo de casa quando foi baleado na madrugada da quarta-feira (6). Apesar de ter sido socorrido, ele não resistiu aos ferimentos. O cortejo fúnebre seguiu do velório na Santa Casa de Santos até o cemitério da Areia Branca, onde amigos e familiares, entre lágrimas, despediram-se do menino.
A cerimônia foi marcada pela comoção e homenagens, com balões brancos e fogos de artifício lançados em sua memória. Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan, que já havia perdido o marido Leonel Andrade Santos em uma intervenção policial em fevereiro, estava devastada. Incapaz de caminhar, ela foi conduzida em uma cadeira de rodas.
“Meu Deus do céu, meu filho foi embora”, dizia a mulher aos prantos enquanto via o caixão com o corpo do filho ser sepultado. Leonel, que possuía deficiência física e usava muletas, foi morto em circunstâncias controversas, com policiais alegando que ele teria disparado contra eles.
Este histórico familiar de perdas trágicas e violentas intensificou o sentimento de indignação e revolta na comunidade local. Durante o enterro, Ester, tia de Ryan, questionou a versão oficial apresentada pela Polícia Militar, que sustenta que agentes da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), apoiados pelo Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), estavam respondendo a um ataque de cerca de dez suspeitos.
Além de Ryan, dois adolescentes foram baleados, sendo que um deles, de 17 anos, também morreu. A presença de viaturas da PM e a abordagem de motociclistas nas proximidades do cemitério durante o funeral geraram tensão e aumentaram o desconforto entre os presentes.
Durante o velório, Beatriz contestou a narrativa de confronto apresentada pela PM, descrevendo a cena trágica ao ver o ferimento de seu filho. Em uma entrevista emocionada, ela afirmou que não houve troca de tiros, ressaltando o horror de encontrar o filho ferido.
O caso de Ryan reaviva o debate sobre a atuação policial em comunidades vulneráveis e o impacto de ações violentas sobre essas populações. A dor da família e da comunidade, exposta publicamente, reflete a urgência de revisar práticas de segurança pública e buscar alternativas que previnam novas tragédias, especialmente envolvendo crianças e moradores inocentes.