Durante transmissão ao vivo, 3 mulheres são assassinadas e deixa país aterrorizado: “Estav…Ver mais

A Argentina foi sacudida na última quinta-feira (25) por um crime de crueldade incomum, que deixou o país em estado de choque. Três jovens foram brutalmente assassinadas em um ato transmitido ao vivo pelas redes sociais. O episódio, investigado como uma punição mafiosa ligada ao narcotráfico, já resultou em pelo menos 12 prisões e escancarou a força do crime organizado na periferia de Buenos Aires.
Corpos encontrados e comoção nacional
Na quarta-feira (24), a polícia localizou os corpos de Morena Verdi (20 anos), Brenda Del Castillo (20) e Lara Morena Gutiérrez (15), enterrados em uma residência em Florencio Varela, zona sul da capital. As três estavam desaparecidas havia cinco dias, e familiares já denunciavam o sumiço.
A confirmação da morte, somada às circunstâncias do crime, levou centenas de pessoas às ruas em protestos organizados por movimentos feministas e grupos de direitos humanos, que exigem justiça imediata.
“Não é apenas uma tragédia pessoal, é um recado de terror para toda a sociedade”, disse a advogada Andrea Paredes, integrante da organização Ni Una Menos, em entrevista ao jornal Página/12.
Emboscada planejada
De acordo com o ministro da Segurança da província de Buenos Aires, Javier Alonso, as jovens entraram voluntariamente em uma caminhonete na noite de sexta-feira (20), no bairro La Tablada, acreditando que seriam levadas a uma festa. Na realidade, tratava-se de uma emboscada orquestrada por uma organização transnacional do narcotráfico.
Quatro suspeitos foram detidos logo após a descoberta dos corpos. Nos dias seguintes, a polícia ampliou as operações, elevando para 12 o número de presos. Entre eles, estariam responsáveis diretos pela execução e cúmplices que forneceram apoio logístico.
Crime transmitido em tempo real
O detalhe mais perturbador da investigação é a transmissão do crime em uma conta privada no Instagram, acompanhada por cerca de 45 pessoas. As jovens foram submetidas a tortura antes de serem mortas. Durante a transmissão, o suposto líder do grupo afirmou que a violência era uma “punição exemplar” contra quem roubava drogas.
Segundo a imprensa argentina, as vítimas mantinham vínculos com membros da facção criminosa instalada no bairro Flores, em Buenos Aires. Ainda assim, o motivo exato da execução permanece em apuração. Um mandado de prisão foi emitido contra o homem apontado como chefe do grupo, conhecido como “Pequeño J” ou “Julito”, de apenas 23 anos.
Reação pública e impacto político
A brutalidade do caso gerou uma onda de indignação. Nas redes sociais, artistas, jornalistas e políticos lamentaram o episódio e pressionaram o governo por medidas mais duras contra o narcotráfico. O presidente argentino, Javier Milei, publicou nota em que classificou o crime como “um ataque direto à vida, à dignidade e à democracia” e prometeu reforçar a cooperação internacional no combate às facções.
Já a governadora da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, anunciou a criação de uma força-tarefa especial para enfrentar o avanço das redes criminosas. “Não é apenas um problema de segurança, mas de Estado. O narcotráfico não pode controlar territórios e ditar quem vive ou morre”, declarou em entrevista coletiva.
Um país em alerta
O triplo assassinato reabre o debate sobre o crescimento da violência ligada às drogas na Argentina, especialmente em regiões periféricas. Para muitos, o episódio lembra a escalada vivida por cidades como Rosario, que nos últimos anos se tornou símbolo do poder do narcotráfico.
Enquanto a investigação avança, a sociedade argentina exige respostas rápidas e efetivas. Mais do que punir os responsáveis, o desafio é conter a lógica de terror que ameaça se espalhar, transformando tragédias individuais em recados públicos de violência.