Corpo de famoso arquiteto que morreu em queda de avião será o único não periciado por causa de tradição chinesa; entenda

Arquiteto morreu na queda de avião que aconteceu nesta última terça, dia 23 de setembro
O respeito às tradições culturais é um aspecto que atravessa fronteiras e mostra como diferentes povos lidam com situações delicadas. No caso do arquiteto paisagista chinês Kongjian Yu, morto em um acidente aéreo no Pantanal sul-mato-grossense, a cultura de seu país determinou que seu corpo só poderá ser periciado com a presença de familiares.
A decisão chamou a atenção não apenas pelo simbolismo, mas também pelo impacto no processo oficial de identificação conduzido no Brasil. O acidente ocorreu na noite de terça, dia 23 de setembro, na fazenda Barra Mansa, em Aquidauana (MS), e vitimou quatro pessoas.
O arquiteto Kongjian Yu, o documentarista Luiz Fernando Cunha, o diretor de cinema Rubens Crispim Júnior e o piloto e proprietário da aeronave, Marcelo Pereira de Barros. Os corpos foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) de Aquidauana.
Enquanto três deles seguiram para perícia imediata, o de Kongjian foi preservado até que seus parentes cheguem ao Brasil, em cumprimento ao rito tradicional chinês. Segundo relatos, a queda aconteceu logo após uma tentativa de arremetida.
Funcionários da fazenda informaram ao Corpo de Bombeiros que uma manada de queixadas (espécie de porco-do-mato) invadiu a pista de pouso. Para evitar a colisão, o piloto precisou manobrar, mas a aeronave perdeu altitude e caiu a cerca de 100 metros da cabeceira.
O impacto provocou uma explosão e incêndio, dificultando o resgate, que durou cerca de nove horas. A aeronave, um Cessna 175 fabricado em 1958, estava autorizada a voar apenas durante o dia e sob regras visuais, sem equipamentos adequados para operar em condições noturnas ou adversas.
Isso será levado em conta nas investigações sobre a queda. Além da comoção pela perda das quatro vidas, o caso ressalta a relevância de compreender e respeitar tradições culturais em momentos de dor. Para a família de Kongjian Yu, que virá da China, estar presente nesse processo é uma forma de honrar sua memória de acordo com suas raízes.