‘A gente ouviu um barulho grande’: Menina de 4 anos morre em hospital particular e família diz que houve negligência médica
Uma sequência de eventos trágicos no Hospital Unimed Recife resultou no falecimento de Bruna Brito Barbosa de Araújo, uma menina de apenas 4 anos. A família agora questiona o hospital.
O caso, que começou com um diagnóstico de amidalite no dia 9 de dezembro de 2024, evoluiu para uma série de complicações que culminaram no óbito da criança quatro dias depois, gerando questionamentos sobre os procedimentos médicos adotados.
A história teve início quando Gabriella de Brito Silva, mãe de Bruna, buscou atendimento médico para sua filha na unidade hospitalar. Durante a primeira consulta, a pediatra prescreveu benzilpenicilina benzatina, mesmo após a mãe informar sobre a resistência prévia da criança ao medicamento.
A orientação médica foi aguardar três dias para observar possíveis melhoras. Sem perceber evolução no quadro clínico, a família retornou ao hospital no dia 11 de dezembro. No entanto, a situação se tornou tensa a partir desse momento.
Um desentendimento com a equipe médica resultou na sugestão controversa de que a paciente, beneficiária de plano de saúde privado, procurasse uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Aquilo para mim era surreal. Pagar um plano de saúde caro e levar minha filha numa UPA?“, relatou Gabriella.
O agravamento da situação levou a família a procurar a urgência em otorrinolaringologia no dia seguinte. A equipe médica solicitou uma tomografia com contraste, que exigia sedação. O procedimento, inicialmente programado para as 11 horas da noite, só começou após a meia-noite, com a criança em jejum prolongado.
Durante o processo de sedação, Bruna apresentou laringoespasmos, uma condição que afeta a respiração. A saturação de oxigênio diminuiu drasticamente, levando à necessidade de ventilação mecânica. A decisão sobre a intubação gerou divergências entre os profissionais envolvidos no atendimento.
A transferência para a UTI pediátrica foi marcada por momentos de tensão e confusão. A equipe que receberia Bruna esperava uma paciente já intubada, o que não ocorreu. A falta de comunicação entre as equipes evidenciou falhas no protocolo de transferência intra-hospitalar.
O momento mais crítico ocorreu durante a troca de macas, quando familiares relatam ter ouvido sons alarmantes vindos da sala de atendimento. “A gente ouviu um barulho grande nessa hora, um grito da enfermeira: ‘Doutora! O que é isso, doutora?’”, descreveu a mãe, que suspeita que a filha tenha sido derrubada durante o procedimento.
A causa oficial do óbito foi registrada como hemorragia pulmonar. O hospital nega que tenha ocorrido queda durante a movimentação da paciente, mas a família contesta esta versão. O caso está sob investigação da Polícia Civil, que busca esclarecer as circunstâncias exatas que levaram ao falecimento.
O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) confirmou o recebimento da denúncia e iniciou uma investigação sigilosa, seguindo os protocolos estabelecidos pelo Código de Processo Ético-Profissional. A investigação visa apurar possíveis irregularidades no atendimento prestado.
Em nota oficial, a Unimed Recife manifestou pesar pelo ocorrido e afirmou que todos os procedimentos seguiram as melhores práticas médicas baseadas em evidências. A instituição declarou estar cooperando com as autoridades, fornecendo todas as informações solicitadas com transparência, e ressaltou seu compromisso com a qualidade e segurança dos pacientes.