noticias

A conta chegou: Eduardo solta a bomba para cima de Moraes, disse q… Ler mais

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reacendeu nesta quinta-feira (2/10) a retórica golpista que marcou o período do governo de seu pai, Jair Bolsonaro (PL). Em declarações dadas nos Estados Unidos, onde vive desde janeiro, o parlamentar afirmou que “não haverá eleições em 2026” caso o Congresso Nacional não aprove uma anistia para os condenados por envolvimento no atentado à democracia de 8 de janeiro de 2023.

A fala ocorre apenas algumas semanas após a condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado, decisão que já provocou turbulência no cenário político brasileiro.

A declaração de Eduardo reacende uma chama que a cúpula da direita no Congresso vinha tentando apagar: a defesa irrestrita da anistia para os envolvidos nos atos golpistas.

“Anistia é o mínimo, é a defesa tolerável da democracia. Querer flexibilizar a anistia soa como suavizar a vida de ditadores, que só respeitam o que temem”, disse o parlamentar, ecoando o discurso de confronto que o aproximou do bolsonarismo mais radical. Suas palavras, no entanto, vão na contramão do clima político em Brasília, onde líderes partidários já descartam qualquer possibilidade de anistia ampla.

Nos últimos dias, Eduardo Bolsonaro intensificou as pressões. Publicou um vídeo em suas redes sociais direcionado a deputados de direita, pedindo que ressuscitassem o debate sobre a anistia. A proposta, que já vinha perdendo força, foi substituída por articulações menos radicais — como a tentativa de revisão das penas impostas aos condenados pelos ataques do 8 de janeiro.

Essa manobra, embora ainda polêmica, poderia beneficiar o próprio Jair Bolsonaro, alvo de processos que podem torná-lo inelegível. A postura inflexível de Eduardo, porém, tem sido vista como um entrave para essas negociações.

Dentro do Congresso, aliados do ex-presidente se veem em uma situação desconfortável.

Se, por um lado, reconhecem a necessidade de manter acesa a chama do bolsonarismo para garantir votos, por outro, consideram a postura de Eduardo arriscada, capaz de isolar ainda mais o movimento. Nas últimas semanas, o deputado chegou a atacar diretamente os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ameaçando-os com “sanções políticas” caso não colocassem em pauta uma anistia.

O gesto foi mal recebido e reforçou a percepção de que Eduardo tem se tornado mais um problema do que uma solução para a direita.

O impasse não se limita ao campo institucional. Eduardo também vem movimentando o tabuleiro eleitoral de 2026 de maneira incômoda para seu próprio grupo.

Ele declarou publicamente que pretende disputar a Presidência da República, ainda que contra a vontade do pai. O anúncio acendeu o alerta entre dirigentes do PL e outros nomes da direita que já se articulam como potenciais candidatos. A movimentação cria divisões internas, alimenta a incerteza sobre os rumos do bolsonarismo e dificulta qualquer tentativa de reorganização política após a derrota de Jair Bolsonaro em 2022.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reagiu de forma dura. Em entrevista no dia 19 de setembro, afirmou que uma eventual candidatura de Eduardo poderia “matar” politicamente o próprio Jair Bolsonaro, atrapalhando qualquer chance de recomposição da família Bolsonaro no cenário eleitoral.

A resposta de Eduardo não tardou: chamou a declaração de Valdemar de “canalhice”, intensificando ainda mais a crise dentro do partido. O episódio expôs, de forma inédita, as fissuras entre a liderança partidária e um dos filhos mais influentes do ex-presidente.

Apesar das bravatas, analistas políticos consideram praticamente inexistente o ambiente para a aprovação de uma anistia ampla no Congresso.

O governo federal, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem reforçado o discurso em defesa das instituições e aposta que as investigações e condenações do 8 de janeiro servem como um exemplo para evitar novos ataques à democracia. Já a oposição de direita, mesmo entre bolsonaristas moderados, teme que o discurso radical de Eduardo Bolsonaro afaste o eleitorado e comprometa a construção de uma frente competitiva em 2026.

Nesse cenário, o deputado surge cada vez mais como um personagem central, mas também como um possível obstáculo à sobrevivência política de seu próprio grupo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo