Facção teria ordenado morte de vendedor de espetinho que não conseguiu pagar R$ 1mil de ‘mesada do crime’

Pequenos empreendedores em cidades do interior frequentemente enfrentam obstáculos para manter seus negócios, mas em alguns contextos, os desafios vão além das dificuldades econômicas.
Em Itapajé, município a cerca de 125 quilômetros de Fortaleza, capital do estado do Ceará, relatos indicam que comerciantes locais têm sofrido com cobranças financeiras impostas por organizações criminosas, o que tem provocado temor e até fechamento de estabelecimentos.
A situação se intensificou nos últimos meses, coincidindo com a libertação de um líder regional de uma facção conhecida, o que teria ampliado o alcance das práticas de intimidação e extorsão.
Um caso que ilustra esse cenário envolve Alexandre Roger Lopes, jovem de 23 anos, que conciliava a atividade de motorista particular com a de comerciante.
Ele havia iniciado recentemente um pequeno espetinho no bairro Santa Rita, onde servia alimentos na calçada de uma residência. Segundo a investigação da Polícia Civil, Alexandre vinha sendo pressionado por um grupo criminoso para realizar pagamentos mensais como forma de continuar operando seu negócio.
Inicialmente, o valor cobrado era de R$ 400, mas foi elevado para R$ 1 mil. Apesar da exigência, no dia 15 de agosto, ele manteve o valor anterior na transferência realizada ao grupo.
Dois dias depois, enquanto trabalhava no espetinho, foi surpreendido por um homem que chegou ao local e o atingiu com dois disparos. Alexandre chegou a ser socorrido e transferido para um hospital em Fortaleza, mas não resistiu.
O suspeito de efetuar os disparos foi identificado e preso dias depois. A Polícia Civil aponta que ele atua como um dos responsáveis por disseminar o medo entre comerciantes locais.
Além disso, as autoridades destacam que a facção em questão vem ampliando sua atuação também em áreas urbanas, com denúncias recentes de tentativas de controle sobre pontos comerciais turísticos na capital.
Esse tipo de coerção econômica imposta por grupos criminosos reforça a importância de políticas públicas que garantam a segurança de pequenos empreendedores e o direito ao trabalho livre de ameaças.